O Exército e o Povo no Egito, nota de Tomas Rotta
O Exército e o Povo no Egito
Depois da queda de Mubarak, segue nebuloso o cenário em torno do papel do exército na iminente “transição” política. A mídia não se cansa de diagnosticar, ingenuamente, a revolta egípcia como uma revolta pela “democratização”. Como se a pressão fosse somente por tirar um ditador do poder e instituir eleições periódicas para a presidência. Na realidade trata-se de muito mais do que isso. A revolta tem traços fortes de uma verdadeira disputa sobre a estrutura de classe no Egito. Evidências disto não faltam. Por que estaria o exército tão empenhado agora em conter manifestações públicas e greves? Os militares querem agora impor a “ordem” e que a economia volta a funcionar. O que de fato significa isso? Veja o que diz a BBC: “the military is planning to prevent meetings by labour unions or professional organisations, effectively banning strikes”. E veja aqui o que diz a AlJazeera: “Egypt’s military council has renewed a call to workers to end a wave of strikes and play their role in reviving the economy”. Ambas redes mostram que os militares estão impedindo explicitamente que os trabalhadores se organizem e que maiores mudanças na estrutura de classe ocorram. Essa história de que a revolta egípcia é uma caso de “democratização” não reflete o que verdadeiramente se passa por lá. O que está em jogo é a estrutura de classes e a organização da economia.
Fonte: marx21.com