Crise Capitalista: A Derrocada da Mãe do Capitalismo

24/10/2011 11:06

Dívida pública: £ 4,5 trilhões; Dívida interna: £ 5 trilhões; inflação: 7,36%; sistema financeiro quebrado; crescimento: 1%. Desemprego (oficial): 8,51%, 21,3% entre os jovens

 

A dívida pública, segundo as estatísticas oficiais, deverá chegar a £ 1,1 trilhões em março de 2012. Considerando os pagamentos não provisionados para as aposentarias (em torno de £ 1,3 trilhões), injeções de papel moeda (em torno de £ 200 bilhões), empréstimos e garantias aos bancos (£ 1 trilhão), passivos do banco Northen Rock nacionalizado em 2008 (£ 70 bilhões), fundos PFI (Private Finance Initiative) com o objetivo de criar parcerias público-privadas (£ 200 bilhões), passivos relacionados com a privatização da multinacional financeira Bradford & Bingley (£ 30 bilhões) e os cortes de impostos para beneficiar os grandes capitalistas, o valor total real da dívida pública britânica atinge aproximadamente £ 4,5 trilhões. A impressão de títulos públicos tem acontecido a uma média anual de £ 150 bilhões.

 

Considerando que as dívidas do setor financeiro britânico em bancarrota atingem aproximadamente £ 4 trilhões, a dívida interna é de pelo menos de £ 5 trilhões e, provavelmente, esteja perto de £ 8 trilhões.

 

A inflação CPI (índice de preços ao consumidor) em setembro atingiu 5,2% na Grã Bretanha, o maior índice dos últimos 20 anos, e quase três vezes a previsão do Banco da Inglaterra para este ano, prevista em 2% e um teto de 3%. A alta dos preços no varejo foi ainda maior: 5,6%. Considerando a demanda ajustada, a inflação real atingiu os 7,36%, ou quase 2% do PIB, com forte impacto da alta do preço dos alimentos e das tarifas de energia que foram aumentadas em até 20% apesar das baixas taxas de juros (0,5%). Os aumentos dos salários neste ano têm sido de 2,8%.

 

A Libra Esterlina tem perdido 60% do seu poder de compra desde 1987. O crescimento previsto para este ano é de apenas 1%.

 

O desemprego na Grã Bretanha atingiu o seu pior nível desde 1994 – 8,1% ou 2,57 milhões de pessoas, que teriam aumentado em 114.000 pessoas nos últimos três meses, segundo as estatísticas oficiais. O governo prevê demitir mais 300.000 funcionários públicos nos próximos anos, além dos 100.000 demitidos nos últimos meses. O número de jovens desocupados subiu para 991 mil, maior nível desde que os registros começaram, em 1992, levando para 21,3% a taxa de desemprego dos britânicos entre 16 e 24 anos de idade.

 

As políticas do imperialismo britânico para “controlar” a crise visam garantir os altos lucros dos especuladores financeiros

 

A políticas do imperialismo britânico seguem as mesmas receitas neoliberais lideradas pelo imperialismo norte-americano. O governo tem como política continuar garantindo altas taxas de lucro ao sistema financeiro falido, sendo que o grosso dos papéis podres estão sendo comprados com títulos públicos.

 

A principal medida para controlar a inflação, por paradoxal que possa parecer, é imprimir papel moeda, a exemplo dos £ 75 bilhões liberados recentemente e os £ 200 bilhões liberados em março de 2009.  A monetização da dívida pública poderá chegar a £ 1 trilhão, com o objetivo de que os bancos em bancarrota continuem recebendo recursos para continuar comprando títulos da dívida pública do governo, que encontra-se tecnicamente em bancarrota. Esta operação tem acontecido a uma taxa anual de £ 150 bilhões, representando 30% do total da dívida pública desde o colapso financeiro de 2008.

 

Para enfrentar a crise de crédito, devido às restrições impostas pelos bancos, o governo, a exemplo da Reserva Federal dos EUA, deverá aumentar a injeção de papel moeda nos próprios bancos com o objetivo de aumentar a velocidade do ciclo dinheiro – mercadoria – dinheiro, sob a propaganda do aumento do crescimento do país e o combate à deflação.

 

A outra política fundamental do imperialismo inglês é a escalada dos investimentos do complexo militar industrial, em aliança com o imperialismo norte-americano, o que tem aumentado a promoção de guerras e conflitos bélicos, conforme tem acontecido nas últimas décadas. Mas, ao mesmo tempo, o enfraquecimento do imperialismo no geral, e do imperialismo inglês no particular, tem levado ao fracasso das principais agressões militares, principalmente no Afeganistão e no Iraque, o que, por sua vez, tem retroalimentado a inflação.

 

A escalada inflacionária, apesar do perigo da hiperinflação, é uma premissa para a manutenção dos pagamentos dos serviços da dívida, que é impagável, através da obtenção de novos empréstimos que faz com que todos os recursos do País, assim como o crescimento da economia, mesmo que anão, sejam direcionados a alimentar as altas taxas de lucro do capital financeiro parasitário, frente à impossibilidade de obtenção de lucros dos setores produtivos. Por este motivo, quanto maior for a dívida tanto maior deverá ser a inflação, o que é potencializado pela especulação com os preços das commodities nos mercados futuros, onde cada produto é vendido dezenas de vezes antes de chegar ao consumidor final, no mercado imobiliário, e o direcionamento de altos volumes de recursos, nos principais países imperialistas, para o setor de armamentos.

 

A Grã Bretanha, ao igual que todos os países da zona do euro, está em bancarrota. A Grécia, a Islândia, a Irlanda e Portugal chegaram a uma situação de extrema criticidade. Mas a Itália e a Espanha encontram-se à beira do colapso, seguidos muito de perto pela França. A Alemanha e os países nórdicos estão em estado de pré-bancarrota.

 

Os cortes nos programas sociais estiveram na origem das revoltas nos bairros pobres de Londres em agosto. Os chamados planos de austeridade e de resgate têm provocado a maior pobreza das massas trabalhadoras nas últimas décadas, assim como a gigantesca dilapidação do patrimônio público. A diminuição das receitas fiscais e o aumento parasitário dos déficits públicos, da emissão dos títulos públicos e das emissões de papel moeda sem lastro produtivo, com o objetivo de garantir altas taxas de lucro aos especuladores financeiros, levarão a economia capitalista mundial à recessão, demonstrando a impotência do imperialismo em controlar a crise capitalista. O aumento da miséria das massas trabalhadoras colocará na ordem do dia o enfrentamento do proletário contra a burguesia mundial, que está se agudizando nos países imperialistas, pela derrubada do capitalismo e a transformação socialista da sociedade.

 

Fonte: pco.org.br