Instituto Lukács

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Manifesto de fundação do Instituto Lukács


Nesta etapa histórica de aprofundamento da crise estrutural do capital torna-se imprescindível a constituição de mediações fundamentais para o processo de difusão e socialização do legado revolucionário produzido pelos clássicos do marxismo (Marx, Engels e Lenin) e por alguns dos seus intérpretes, especialmente Lukács (em suas obras de maturidade) e Mészáros.

Considerando a necessidade fundamental de desenvolver uma cultura de combate às perspectivas refratárias e reformistas da tradição marxiana, nosso quadro de atuação tem no trabalho seu ponto de inflexão elementar para compreender a totalidade social como um complexo de complexos e como aspecto central para subverter o sistema do capital. Entendemos que o trabalho é a categoria fundante do mundo dos homens, o que implica que somente o trabalho pode estabelecer as condições fundamentais para superação do sistema do capital e para construir uma sociedade sem classes. A luta trasborda a esfera da mera contraposição ao capitalismo, para constituir-se como uma ofensiva mais ampla contra o sistema do capital e suas diferentes formas de personificação.
A centralidade do trabalho implica na afirmação da classe operária como sujeito fundamental, embora não único, do processo de construção do comunismo como uma forma de sociabilidade superior, em que as forças produtivas estejam libertas das amarras impostas pela regência do capital; para que o tempo de trabalho dos homens se consubstancie como riqueza disponível para o usufruto da totalidade da sociedade.

O Instituto Lukács pauta-se no preceito de que as posições reformistas, que privilegiam a luta de posições no interior da sociedade burguesa e que fazem do parlamento o espaço preferencial de conquistas para a melhoria das condições de vida da classe trabalhadora, devem ser combatidas. Nesta quadra histórica, o cretinismo parlamentar que se refugia na pseudo distinção entre governo e Estado, como mecanismo de defesa de um governo nacional popular, tal como o PT, serve tão somente para aprofundar as reformas sociais que criam novos padrões de expropriação da riqueza social produzida pela classe operária.

Tendo como finalidade contribuir para a formação das lideranças que constituem os diferentes movimentos sociais e de pessoas revolucionárias, o material a ser divulgado assume como princípio a defesa da superação radical da estrutura interna do edifício social fundado no sistema do capital. A afirmação da centralidade do trabalho representa o desmascaramento da possibilidade da centralidade da política e suas variantes – que fazem das lutas em torno da democracia burguesa e da cidadania expressão máxima da tentativa de inserção do indivíduo no universo da propriedade privada e na lógica da defesa da reprodução do controle do capital sobre o trabalho.

Neste cenário se coloca a luta pela emancipação humana enquanto superação das lutas defensivas contra o capital, que simplesmente pedem o impossível: reformar o capital ao invés de destruí-lo. Essas lutas defensivas encontraram, no início do século XXI, sua expressão máxima no cretinismo parlamentar e na subordinação ao Estado dos sindicatos e dos movimentos sociais.
Entendemos que tanto a crise do capital quanto a crise teórica do marxismo colocaram na ordem do dia a fundação do Instituto Lukács, com o objetivo de publicar textos e materiais articulados com a luta revolucionária de superação do capital e de suas diferentes manifestações ideológicas, tais como o pós-modernismo e o neoliberalismo.

Por fim, somos defensores de uma ontologia fundada na compreensão dialética e materialista do mundo que se contrapõe a qualquer explicação fragmentada da realidade e que recorre aos preceitos transcendentes, típicas das manifestações religiosas e idealistas que dominam a subjetividade humana em tempos de crise estrutural do capital.

São Paulo, 25 de fevereiro de 2012.