Sobre produção de cana de açúcar e superexploração

23/09/2011 13:00
 

220911_canaDiário Liberdade - Tendo em vista o baixo custo da produção do açúcar e do álcool e a baixa emissão de carbono, a produção sucroalcooleira do Brasil tem conquistado cada vez mais espaço nas importações pelos países ricos. Esse tipo de atividade é, assim, fonte de renda e de desenvolvimento econômico, gerando milhares de empregos diretos. No entanto, essas vantagens desse tipo de indústria se desagregam quando comparadas aos danos que não raro trazem ao homem e ao meio ambiente.


O baixo custo da produção está ligado a baixos salários e, muitas vezes, a péssimas condições de trabalho - o que envolve desde alojamentos em estado precário até a falta de equipamento adequado para os trabalhadores. Até 2007, na principal região produtora brasileira, a cidade de Ribeirão Preto (SP), mais de 98 mil trabalhadores possuíam renda inferior a R$ 100 reais mensais. Muitas vezes ocorre o trabalho escravo, quando os trabalhadores são mantidos reféns dos usineiros em razão de dívidas que contraem com os patrões. Recentemente foi denunciado um caso de escravidão, no Mato Grosso do Sul, envolvendo 827 cortadores de cana, entre eles, 285 indígenas e 542 migrantes do Nordeste e de Minas Gerais. E, tem-se notícia de empresa que foi punida com multa por exploração de mão de obra de indígenas menores de idade, alguns dos quais teriam sido forçados a trabalhar contra a própria vontade - relatam-se até mesmo casos de morte. Tem-se ainda trabalhadores que estão sendo obrigados a utilizar crack para suportar jornadas de trabalho de 14 horas.

Do ponto de vista socioambiental, é preciso considerar, em primeiro lugar, que as usinas de cana-de-açúcar são empreendimentos de latifúndios, o que leva à concentração de terras nas mãos de poucos, gerando êxodo rural, na medida em que incorporam as pequenas propriedades à sua volta. Além disso, são frequentes os problemas de saúde que vitimam os moradores das regiões em que se desenvolve a atividade sucroalcooleira, devido às queimadas das folhas secas, antes do corte da cana - sem contar que há notícia de ferimento e, na maioria das vezes, de morte de animais silvestres.

Vídeo - queimada de cana em Barretos São Paulo (agosto 2011):

https://www.youtube.com/watch?v=znf-QBYQcv0

É necessário mencionar, ainda, que a monocultura da cana-de-açúcar implica o desmatamento, sendo recorrente o uso do recurso do chamado “correntão”, que, rapidamente, põe abaixo extensas áreas de matas.

Vídeo - Correntão (há várias sugestões no final deste vídeo, escolha o que preferir): https://www.youtube.com/watch?v=0esqYdLQiac&feature=related

Usina é condenada por explorar trabalho de indígenas - exploração de mão de obra de indígenas menores de idade. Alguns dos indígenas teriam trabalhado contra a própria vontade e casos de morte teriam sido registrados.

https://www.paginaunica.com.br/TNX/conteudo.php?cid=2590&sid=183

Link dos 827 escravos - https://www.conjur.com.br/2011-jul-25/presidente-tst-auditor-nao-interditar-frente-trabalho

Link do Diário Liberdade, de 2010 - https://www.diarioliberdade.org/index.php?option=com_content&view=article&id=580:cana-de-acucar-trabalho-escravo-danos-ambientais-e-violencia-contra-indigenas&catid=63:repressom&Itemid=78

Queimadas matam e ferem animais - https://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2011/07/queimadas-em-canaviais-matam-e-ferem-animais-no-interior-de-sp.html

Problemas de saúde por queimadas em Bariri - blog traz vários links: https://compromissoconsciente.blogspot.com/2011/07/o-sono-dos-cidadaos-de-bariri-em-noites.html?spref=tw

Trecho não usado da Wikipedia:

As queimadas também têm diminuído devido ao aumento de denúncias e endurecimento da fiscalização, embora muitas dessas denúncias terminem sem uma penalização formal. Em cidades como Ribeirão Preto, Araraquara, Barretos, Franca, Jaboticabal e Ituverava, as multas e advertências a usinas e produtores que queimam seus canaviais cresceram 27% em 2009 em relação a 2008, segundo levantamento da Cetesb.[5]

Para renovação do cultivo, algumas indústrias canavieiras fazem, a cada quatro ou cinco anos, plantios de leguminosas(soja) que recuperam o solo pela fixação de nitrogênio. Quanto aos problemas advindos da queima controlada na época do corte, existe já um movimento em direção à mecanização da colheita que aumenta de ano para ano,além de rigorosos protocolos que prevem o fim da queima até o ano de 2014.