Polêmica: Os gusanos do PSTU

03/03/2013 11:51

Os gusanos do PSTU

 
do site do PCO
 
 
A política do Partido, que reivindica o marxismo, mas tornou-se um apologista da democracia e atua ao lado da direita nacional e do imperialismo norte-americano

Em nota intitulada “Quem tem medo de Yoani Sánchez?” publicada em seu site (www.pstu.org.br), a direção do PSTU expõe a posição do partido em relação às manifestações realizadas em diversas capitais brasileiras em protesto contra a blogueira cubana Yoani Sánchez, em sua recente visita ao Brasil.

A nota inicia-se por assinalar que “necessário um real debate sobre o que se passa em Cuba e o verdadeiro caráter do regime castrista”, mas uma simples análise da matéria deixa evidente que, nem de longe, é disso que se trata.

”Debate real”

É absolutamente evidente para qualquer militante e partidos que se reivindicam da defesa do socialismo e da revolução (e até para seus adversários) que uma discussão séria sobre Cuba (país no qual se deu a vitória da primeira revolução proletária na América Latina) e o regime cubano só poderia se realizar no âmbito do movimento de luta dos explorados (operárias, do movimento estudantil, populares etc.), principalmente, entre daqueles que lutam contra a dominação imperialista, luta da qual o povo cubano e sua revolução cumpriram e cumprem ainda um papel de vanguarda em nosso continente.

Obviamente que a blogueira Yoni, muito bem recepcionada no Brasil por expoentes da direita como Jair Bolsonaro (PP), Ronaldo Caiado (DEM), pelo PSDB e todos os partidos de direita e pelos reacionários monopólios dos meios de comunicação (Revista Veja, O Estado de S Paulo, Rede Globo, Folha de S. Paulo etc.), não veio ao Brasil (assim como está viajando para 80 países) realizar nenhum “debate real” sobre Cuba, mas simplesmente fazer campanha em favor das posições mais reacionárias do imperialismo e da direita nacional pró-imperialista contra a revolução cubana e em defesa das próprias posições do imperialismo.

Objetivamente, os protestos ocorridos representam uma salutar rejeição de parcela expressiva dos militantes operários e da juventude contra uma propagandista da política imperialista, claramente financiada por organizações empresariais e políticas imperialistas e pró-imperialistas de diversas regiões do mundo.

Nesse sentido, quando o PSTU afirma “não integrar e nem apoiar essas manifestações” se coloca em oposição a elas; de modo concreto do lado do imperialismo e de suas organizações mais reacionárias que, como o PSTU, também condenaram as manifestações.

”Obama go home” e “Yone bem vinda”?

Uma das lições mais fundamentais do socialismo político – que recolheu da filosofia e de todas as ciências humanas o que havia de mais evoluído – foi a da importância da necessidade de buscar em cada fenômeno a sua essência, na maioria das vezes escondida por detrás das aparências.

Na luta contra a dominação imperialista, por exemplo, a uma organização revolucionária a tarefa seria desnudar e denunciar por detrás das aparências “democráticas”, “progressistas” etc. o seu caráter de classe, nesse caso, o caráter profundamente reacionário do imperialismo, seja sob que forma ele se apresente.

O imperialismo norte-americano responsável maior pela opressão de bilhões de seres humanos e pelos maiores massacres contra povos indefesos em toda a história do planeta, jamais se apresentou em sua guerra contra os explorados de todo o mundo, como defensores dos lucros de um punhado de monopólios que representa.

Seja se “apresentando” por meio das bombas e tanques de suas tropas, dos discursos de seus diplomatas e chefes políticos ou pelas palestras e “análises” de seus “ideólogos” e propagandistas mercenários (como é caso evidente Yone Sanches), esses abutres, parasitas da miséria da imensa maioria da humanidade, devem ser desmascarado e denunciado para o povo trabalhador.

O PSTU evidencia que entende de modo diverso ou que evoluiu de uma posição de crítica aparente do imperialismo para uma posição de alinhamento. Diante da presença Obama no Brasil em 2011, por exemplo, o PSTU chamou seus militantes a protestar produzindo, então, um cartaz, intitulado “Obama, go home”. Entre as posições mais caras imperialismo norte-americano, representado oficialmente pelo governo Obama está a defesa da “democracia” em Cuba, do fim da “ditadura dos regime dos Castro em Cuba” etc. O PSTU participou dos tímidos protestos realizados naquele ano tendo, inclusive, alguns dos seus militantes presos.

Dois anos depois, o imperialismo se apresenta sob o disfarce de uma “dócil”, “inocente” e “neutra” blogueira” cubana, supostamente interessada na defesa dos direitos democráticos em Cuba. Suas propostas sobre Cuba, e sobre muitas outras questões, como podem ser visto em suas entrevistas e palestras, são as mesmas, ipsis literis, do governo Obama. Mas desta feita, o PSTU condena as manifestações “e mais ainda, defende a necessidade de se abrir uma real discussão sobre Cuba e o que representa o governo encabeçado pelos irmãos Castro”, coisa com a qual toda a direita pró-imperialista nacional e o imperialismo, mostram-se plenamente de acordo.

Um falso debate

A nota do PSTU afirma ser necessário fazer um “debate real” e aponta como eixo para essa discussão o questionamento: “O que é Cuba hoje? Um bastião do socialismo que sobreviveu ao debacle do chamado “socialismo real” na década de 1990, ou um país capitalista com uma ditadura que se perpetua graças à repressão e perseguição aos seus opositores?”, De forma resumida, o debate seria sobre se existe ou não socialismo em Cuba.

É por demais evidente que esse debate não é mais do que uma cortina de fumaça para ocultar os problemas reais que o povo cubano (como de muitos outros países atrasados, entre eles o Brasil) enfrenta em seu enfrentamento real com o imperialismo.

No caso de Cuba, o governo dos EUA apresenta o brutal cerco da maior potência econômica e militar de todos os tempos contra a miserável ilha do Caribe como sendo parte da luta da “democracia” contra a “ditadura”, da “liberdade econômica e política” contra um regime “de repressão e perseguição aos seus opositores” (como agora, afirma a nota do PSTU).

Da mesma forma os EUA e demais países imperialistas apresentam a invasão do Iraque, do Afeganistão, do Mali, do Haiti, a ameaça de ataque ao Irã como parte da luta pela “democracia”. No entanto, alguém em sã consciência, com o mínimo de discernimento acerca dos interesses capitalistas que estão em disputa em todos estes países e regiões, seria capaz de afirmar que realmente se trata da defesa da “democracia” e dos interesses da população destes países e não da luta por impor a contra-revolução e os mais mesquinhos interesses dos monopólios imperialistas em cada um destes países e regiões?

O PSTU procura apresentar como eixo o “debate real” sobre o “socialismo em Cuba”. No entanto, o “eixo” do ataque dos EUA contra Cuba, certamente, não é a defesa de qualquer tipo de socialismo, mas a suposta defesa da “democracia”. Deveríamos aceitar este “debate real” e defender também a “democracia”? Ou a que se coloca é a luta real contra as reais intenções e consequências práticas da ação do imperialismo (e não os seus “debates”).

Para o imperialismo norte-americano o debate real desde o 1º. dia da Revolução Cubana foi atacar o regime cubano e todo o seu povo, sempre foi exigir uma “democracia perfeita” enquanto não há nenhuma democracia nos EUA ou em qualquer país imperialista. O mesmo regime que faz uma enorme campanha contra a suposta “brutalidade e repressão do regime cubano” a seus opositores, mantém encarcerados quase três milhões (com nove milhões de condenados!) de trabalhadores norte-americanos, em sua esmagadora maioria negros e latinos submetidos a uma brutal repressão e outros muitos milhões têm seus direitos democráticos cassados.

O mesmo regime que condena e faz campanha internacional contra o governo cubano em nome da “democracia” desde os primeiros dias da Revolução, supostamente em virtude do fuzilamento de opositores da Revolução, além de ter apoiado a ditadura de Fulgêncio Batista que matou mais de 30 mil cubanos, participou da organização de, praticamente, de todos os golpes militares e da sustentação de todo tipo de regime antipopular na América Latina (Chile, Argentina, Brasil, Colômbia, Paraguai etc.) e em todo o mundo (Ira, Filipinas, Indonésia, Paquistão, Egito etc. ) desde o início do século. Isso sem falar nas milhares de guerras e invasões promovidas contra países pobres por este mesmo imperialismo que assassinaram um número muito superior ao de toda a população cubana.

Os dirigentes do PSTU terão uma memória tão curta que já esqueceram que o imperialismo anglo-norte-americano invadiu e destruiu o Iraque para roubar o seu petróleo em nome da democracia com o ditador Sadam Hussein?

O programa da revolução socialista é a “democracia”?

O PSTU se apresenta como um partido marxista e até trotskista. No entanto, se opõe aos protestos contra a garota-propaganda do imperialismo alegando que a mesma age “corretamente [ao] reivindicar a democracia em seu país”.

Sua defesa da democracia em Cuba em nada tem a ver com o que foi devidamente elaborado – e comprovado na prática – pelos teóricos revolucionários do marxismo que nunca, em momento algum, apresentaram como objetivo a luta pela democracia burguesa e favor de disputar com o Imperialismo a “bandeira por liberdades democráticas”, as quais nas mãos do imperialismo não são mais do que uma farsa.

Pelo contrário, os revolucionários se opuseram, sempre e duramente à esta política e colocaram como tarefa defender os interesses da classe trabalhadora em todas as situações e o poder da classe trabalhadora, contra o poder da burguesia, seja qual for a forma política que ele assuma.

Como assinala o dirigente da revolução russa e da IV Internacional Leon Trótski, “não sem razão a palavra ‘democracia’ tem no dicionário uma dupla significação. Por um lado, designa o regime fundado no sufrágio universal e nos demais atributos da ‘soberania popular’ formal. Por outro lado, designa as próprias massas populares, na medida em que têm uma vida pública. Nestes dois sentidos, a noção da democracia se ergue por sobre as considerações de classe...” e completa “a democracia se tornou logo uma arma contra os antagonismos de classe que começavam a se desenvolver na sociedade burguesa. A democracia burguesa tanto melhor consegue realizar a sua obra quanto mais for apoiada por uma camada mais profunda da pequena burguesia, quanto maior for a importância desta última na vida econômica do país e mais baixo, por conseguinte, for o antagonismo de classe” , no entanto, acrescenta, “o desenvolvimento histórico se baseou sempre, e cada vez mais, nos polos opostos da sociedade – burguesia capitalista e proletariado -, e não nas camadas conservadoras legadas pelo passado” (in, Terrorismo e Comunismo, 1920.)

Da mesma forma, o principal dirigente da Revolução Russa, V. I. Lênin, não deixa a menor sombra de dúvida do quanto não faz sentido para um partido revolucionário a defesa da democracia, ao afirmar que “a não ser para troçar do senso comum e da história, é claro que não se pode falar de ‘democracia pura’ enquanto existirem classes diferentes, pode-se falar apenas de democracia de classe. (Digamos entre parênteses que ‘democracia pura’ é não apenas uma frase de ignorante, que revela a incompreensão tanto da luta de classes como da essência do Estado, mas também uma frase tipicamente vazia, pois na sociedade comunista a democracia, modificando-se e tornando-se um hábito, extinguir-se-á, mas nunca será democracia ‘pura’)” (in, A Revolução proletária e o renegado Kautski)

Como se deu com outros grupos pequenos burgueses ao longo da história dos partidos que se reivindicaram da luta socialista, o PSTU parece ter esquecido (isto é, se é que alguma vez as compreendeu...) integralmente das lições dos mestres do socialismo científico, acerca do papel do Estado e da democracia. Imitando Lênin vale a pena “recordar as lições teóricas de Marx e Engels que o nosso letrado [Kautski] vergonhosamente ‘esqueceu’ (para agradar a burguesia’)”.

Ensina Engels: “Uma vez que o Estado é, todavia, apenas uma instituição transitória de que, na luta, na revolução, alguém se serve para reprimir pela força os seus adversários, é um puro contra-senso falar de Estado popular livre: enquanto o proletariado precisar ainda do Estado, precisa dele não no interesse da liberdade mas da repressão dos seus adversários e, logo que se puder falar de liberdade, o Estado como tal deixa de existir” (in, Carta a Bebel, de 28/03/1875). Para os socialistas não é mais do que ilusão acreditar que a democracia possa representar alguma mudança qualitativa no caráter de classe do Estado. Ainda de acordo com Engels, “o Estado não é outra coisa senão uma máquina para a opressão de uma classe por outra e, de fato, na república democrática não menos que na monarquia..

O PSTU quer que se acredite que a defesa da liberdade de imprensa em abstrato, do pluripartidarismo etc. é um atributo da revolução proletária e do socialismo na concepção trotskista-leninista. Dificilmente se poderia inventar uma maior falsificação política. Basta ver que este foi exatamente o programa dos exércitos contrarrevolucionários que combateram a revolução bolchevique a partir de 1918.

Da “contra revolução” à “revolução democrática”

Ao apresentar o regime cubano como “uma ditadura de partido único, que não permite qualquer liberdade de expressão e organização” e apoiar a blogueira cubana (e indiretamente o imperialismo e a direita nacional) em sua pregação contra a “a ausência de liberdade de expressão e organização” em Cuba, o PSTU busca semear a confusão entre a luta das massas operárias por direitos democráticos quando de fato existem estas lutas (como no caso da Polônia, no começo da década de 80) onde as reivindicações por liberdades democráticas têm um caráter de classe, com a política do imperialismo em situações como a de Cuba, na quais financia pseudos democratas como Yone Sanchez (e muitos outros políticos burgueses e pequeno-burgueses em todas as partes do mundo) para apresentarem a democracia como alternativa à luta de classes do proletariado contra a dominação capitalista e o imperialismo, que assumem as mais diferentes formas nas diferentes regiões do planeta, defendendo um “capitalismo sui generis” ou coisas do gênero.

Mesmo quando há manifestações “populares” pela democracia, muitas delas dominadas por setores da pequeno burguesia vinculadas e até mesmo financiadas pelo imperialismo, como nos casos notórios de Cuba, Venezuela, Irã e tantos outros é preciso colocar em primeiro lugar a luta contra o imperialismo e não a defesa da democracia, pelo que já foi devidamente explicado sobre este regime de dominação burguesa.

A democracia que o PSTU defende não é a ulta de classe das massas que se organizam para derrubar a burguesia e o imperialismo, mas a democracia como “valor universal” dos ideólogos eurocomunistas como Carlos Nelson Coutinho.

A democracia que o PSTU defende é a religião do universal, uma ideologia contrarrevolucionária e abertamente imperialista. Para um partido operário e revolucionário a democracia, ou seja, a luta não por um regime “democrático” de opressão de esmagamento das massas como existe no Brasil, mas por meios de organização e de luta somente tem sentido como parte da luta de classes do proletariado contra a burguesia. Para a pequena-burguesia conservadora pró-imperialista a democracia está supostamente acima das classes sociais e é uma espécie de espírito santo da política. Isso a leva para a posição de serviçal político do imperialismo.

A defesa da “liberdade de imprensa” para a contrarrevolução imperialista

O PSTU se soma à cruzada reacionária de Yones, da revista Veja, das organizações Globo e de toda a imprensa imperialista e dele associada, para defender a “liberdade de imprensa”, sob a alegação absurda de que o “socialismo deveria não só aceitar como estimular debates e opiniões diversas”, tentando ensinar ao povo cubano e a todo ativismo de esquerda que esses deveriam a “mais ampla liberdade de expressão e crítica”. Como se eles já não detivessem todo o monopólio da “liberdade de expressão” para eles e tivessem expropriado as massas desta liberdade!

Esta posição que tem um caráter absolutamente reacionário, de um modo geral e mostra uma profunda adaptação às teses mais caras das alas mais reacionárias da direita que domina os meios de comunicação no Brasil e no mundo, e que vem sendo usada pelo imperialismo até mesmo contra governos burgueses de países oprimidos que lhe opõem alguma resistência (como nos casos da Venezuela e Irã, por exemplo), é ainda absurda e contra-revolucionária no caso de Cuba, uma ilha de pequenas dimensões, posicionada no “quintal dos EUA”, cujo povo heroico, impôs a primeira grande derrota do imperialismo na América Latina e que por suas condições de isolamento foi condenada – desde então – a um brutal cerco, a todo tipo de sabotagem, ameaças e à chantagem constante do imperialismo que, de modo ilegal, mantém no País uma base militar (Guantánamo) como parte de uma ameaça constante ao regime surgido da revolução, numa espécie de guerra permanente de “Golias contra David”, na qual o imperialismo se vê apoiado pelas camadas mais reacionárias da própria sociedade cubana (desde os gusanos de Miami até a pequena burguesia democrática da ilha) até por setores da esquerda internacional que reivindicam o marxismo, como o PSTU.

Em oposição à esta política reacionária, que não constitui nenhuma novidade pois foi defendida por inúmeras camadas reformistas da esquerda internacional contra a revolução russa e o Estado soviético, Trótski destacou que “Nenhum governo interessado numa guerra séria pode permitir que se imprimam em seu território publicações que, abertamente ou não favorecem o inimigo”. Sem vacilar, assinala ainda que, “na guerra, onde a morte sanciona os êxitos e os fracassos, os agentes inimigos que se introduzirem na retaguarda dos exércitos, devem sofrer a pena de morte. Lei desumana, sem dúvida; mas ninguém ainda considerou a guerra como uma escola de humanidade” (in, Terrorismo e Comunismo). O PSTU parece querer conceder à luta contra o imperialismo em Cuba e em todo o mudo uma dose cavalar e inútil (ao menos para a revolução) de humanitarismo que o próprio imperialismo não oferece nem em tempos de paz.

A posição do PSTU diante de Cuba não é uma exceção, mas uma regra

No caso de Cuba (em que a defesa da blogueira Sanchez é um pretexto) fica evidente que a política do PSTU coloca o partido, objetivamente, em uma frente única com a direita nacional e o imperialismo norte-americano e internacional de um modo geral, em torno das posições mais reacionárias e opostas a tudo de mais elementar que ensina o marxismo.

Isso quando a ação do imperialismo não apenas contra Cuba, mas em todo o mundo, deixa cada dia mais evidente sua intenção agressiva, seja por meio de uma ação golpista contra o regime cubano (da mesma forma que as denúncias evidenciaram os planos dos EUA para assassinar o presidente reeleito do Equador; do golpe e inúmeras tentativas de derrubar Chavez, na Venezuela; entre outras ações semelhantes), seja por meio de uma ação militar (como as operadas no Oriente  que se planejam contra o Irã, Coréia do Norte, entre outros) seja pela “via democrática” de forma semelhante como se viu – entre tantos outros casos – na vizinha Nicarágua – onde – na década de 80 - depois de mais de 50 mil pessoas entregarem a vida na luta em defesa da revolução contra a ditadura Somoza e em defesa das reivindicações operárias e populares contra o imperialismo,  governo da FSLN cedeu às pressões e golpes do imperialismo, aceitando entregar o poder para a candidata do imperialismo que se valeu da “abertura” democrática no País, agora defendida pelo PSTU para Cuba.

O PSTU contra o programa da revolução permanente

Em todos estes países, o PSTU tem se alinhado com a política do imperialismo (tendo participado do movimento estudantil de direita contra Chavez, tendo apoiado a tentativa de golpe dos policias equatorianos contra Correa) através do subterfúgio de equipar o governo de um país oprimido com o imperialismo e da defesa da democracia em abstrato.

O pretexto do PSTU está em que Cuba não seria socialista, Chavez não estaria a favor dos trabalhadores, nem Correa etc.

O abc do programa revolucionário está em fazer não apenas a distinção entre a classe operária e a burguesia em geral, mas entre o imperialismo e os países oprimidos pelo imperialismo, ou seja, entre duas facções da burguesia. Na luta entre o imperialismo e os países atrasados e o imperialismo o partido do proletariado deve chamar a classe operária a lutar contra o imperialismo, embora não apoie em geral a política da burguesia local e se organize sempre em forma independente e com o seu próprio programa. O exemplo que Trótski dá, entre inúmeros textos sobre o tema e as próprias teses da Revolução Permamente, não poderia ser mais expressivo. Segundo ele, se a Inglaterra democrática, parlamentarista, com “liberdade de expressão” e “liberdade partidária” entrasse em conflito com o Brasil semi-fascista de Getúlio Vargas, o Estado Novo de 1937 (“um regime que nenhum revolucionário pode ver a não ser com ódio”, segundo ele), sem liberdade de expressão, com prisões e torturas de revolucionários etc., os revolucionários deveriam ficar ao lado do Brasil contra a Inglaterra. A importância deste exemplo é que joga por terra todos os pretextos do PSTU para se alinha com o imperialismo, ou seja, a caracterização dos regimes do países que o imperialismo quer atacar.

O imperialismo invadiu o Iraque derrubando uma frágil burguesia local que se apoia sobretudo na indústria estatal do petróleo alegando que o regime dirigido por Sadam Hussein era uma ditadura. Nenhum revolucionário sério pode aceitar este argumento, apesar da sua aparência de verdade: o Iraque era como Cuba um regime de partido único, o partido socialista baathista. O imperialismo esmagou brutalmente o país, realizou a maior operação neoliberal de todas as três décadas neoliberais, destruindo toda a indústria iraquiana a pretexto de privatizá-la e organizou o mais assalto à mão armada dos últimos tempos apoderando-se das reservas de petróleo iraquianas, a terceira maior do mundo, que foram entregues à Exxon, British Petroleum, Halliburton, os verdadeiros nomes da “democracia”. A população do Iraque sofreu a maior crise social de toda a sua história com milhões de mortos, que levou a uma enorme rebelião contra a presença imperialista no país. E, sem dúvida, também estabeleceram a “democracia” com eleições, pluripartidarismo e liberdade de imprensa ao estilo imperialista, o que não impede que no Iraque vigore hoje uma das piores ditaduras sustentadas pelos cannhões e míssseis norte-americanos.

Um partido revolucionário tinha não apenas o direito, mas o dever de se organizar em forma independente do Baath, de lutar contra o regime de Sadam Hussein e de quer derrubá-lo, uma vez que era um regime burguês e não proletário. No entanto, há uma diferença sideral entre lutar pela revolução socialista e tornar-se um marionete político do imperialismo. A condição fundamental é que o partido proletário não pode nunca, em hipótese alguma sair do terreno da luta anti-imperialista. O PSTU sequer sabe onde fica este terreno e se transformou em mero porta-voz do imperialismo mundial.

A crise mundial

No momento em que evolui – a passos largos – a crise histórica do capitalismo e que o imperialismo se mostra cada vez mais sem saída diante da dessa situação, tendo que recorrer aos seus velhos, requentados e ineficientes “remédios” contra o avanço da revolta das massas, o PSTU, como boa parte da esquerda pequeno burguesa se coloca cada ao lado da reação e deixa evidente que se houver (como tende a ocorrer) a evolução da situação brasileira em um sentido revolucionário, tende a se colocar contra as massas que se encaminham na direção de serem (e precisarão ser) “intolerantes” com os partidos de direita, com a reacionária imprensa pró-imperialista, aos quais o PSTU agora se alia, em nome da “democracia”.

 

 

Fonte: https://www.pco.org.br/nacional/os-gusanos-do-pstu/epbs,j.html