Governo Dilma: Pleno emprego no Brasil?

27/02/2012 17:30

Pleno emprego no Brasil?

 

Do site do PCO

 

O IBGE diz que a taxa de desemprego é de 5,5%. Mas apenas 44 milhões de um total de em torno de 117 milhões de trabalhadores possuem carteira assinada. O trabalho temporário e o desemprego na indústria crescem

27 de fevereiro de 2012

De acordo com dados publicados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),a taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do Brasil ficou em 5,5% no mês de janeiro e foi a menor no mês desde o início da série em março de 2002. Em dezembro, a taxa tinha sidoainda menor, 4,7%, o que é explicado por causa de que no começo do ano, muitos trabalhadores temporários contratados pelo comércio para as vendas de fim de ano foramdemitidos.

O número oficial de desempregados teria somado apenas 1,3 milhão de pessoas, após ter acumulado mais 180 mil trabalhadores, ou 15,9%, ante dezembro. Na comparação com janeiro de 2011, o número teriadiminuído 7,7%, ou 110 mil trabalhadores.

Os trabalhadores com carteira assinada, de acordo com o IBGE, somaram 22,5 milhões nas seis regiões pesquisadas; 11,1 milhões no setor privado com aumento de 6,3%, ou 664 mil novas vagas, na comparação com janeiro de 2011.

Para chegar nesses índices “otimistas” o IBGE esbanja a manipulação contábil, da mesma maneira que é feito pelos demais órgãos do governo brasileiros. De acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), por exemplo,o desemprego na região metropolitana de São Paulo está em 19%. O Dieese chega nesse índice, mais de três vezes superior ao do IBGE, simplesmente considerandocomponentes “esquecidos” pelo IBGE: o desemprego oculto pelo “trabalho precário” (pessoas que realizaram algum tipo de atividade nos 30 dias anteriores à pesquisa e buscaram emprego nos últimos 12 meses) e o desemprego oculto pelo “desalento” (quem não trabalhou nem procurou trabalho nos últimos 30 dias, mas tentou nos últimos 12 meses).

O desemprego além das sete maiores regiões metropolitanasmostra a cara do atraso no Brasil

Os índices oficiais do desemprego do Brasil são considerados muito bons, mas a realidade é profundamente pior à propagandeada se levarmos em conta que os dados são coletados apenas nas principais cidades do País, contemplam apenas um pequeno período de procura do emprego pelos trabalhadores desempregados, não consideram os milhões de trabalhadores que trabalham como vendedores ambulantes, prestadores de serviço informais, diaristas, que não têm nenhum tipo de proteção social, e que são alvo dos organismos de repressão do estado, e o trabalho escravo que tem aumentado com o aprofundamento da crise capitalista.

A população total do Brasil é de aproximadamente 195 milhões de pessoas. A PEA (população economicamente ativa) está estimada, pelas estatísticas oficiais, em aproximadamente 103 milhões de pessoas, mas, se considerarmos as pessoas entre 14 e 65 anos, o número passa para, aproximadamente, 128 milhões. Existem em torno de 11,5 milhões de pessoas não incorporadas ao mercado de trabalho: a população carcerária (500.000 pessoas, recorde mundial em crescimento), os incapacitados para o trabalho (em torno de 7 milhões) e os dependentes nas famílias com rendimentos acima de 20 salários mínimos (estimamos em 4 milhões de pessoas, considerando dois dependentes para cada uma das 2 milhões de pessoas que recebem essa remuneração). Se desconsiderarmos, ainda, os, aproximadamente, 3 milhões de pessoas que estão na faixa de 10 a 14 anos e entre 65 e 70 anos, que estão trabalhando, concluímos que,pelo menos,117,5 milhões de pessoas compõem a PEA real, 16,5 milhões de pessoas a mais do que as manipulações estatísticas oficiais mostram.

Os trabalhadores com carteira assinada somam apenas 44 milhões, ou37,5% da PEA, dos quais 10,5 milhões são terceirizados de acordo com a pesquisa setorial divulgada pelo Sindeprestem e pela Asserttem. Os trabalhadores temporários aumentaram 7% na comparação a 2010.

A disparada o desemprego na indústria

De acordo com o IBGE, o emprego industrial encerrou o ano de 2011 com crescimento de 1,0%, ritmo muito inferior ao verificado em 2010 (3,4%). Mas, nos últimos quatro meses do ano, as taxas caírampara -0,4%, -0,5%, -0,1% e 0,2% respectivamente, o que reflete o impacto da crise capitalista mundial no Brasil e a esquálida retomada após o pacote do governo implementado no mês de novembro com o objetivo de incentivar o consumo mediante a liberação de recursos através dos bancos.

Em dezembro de 2011, o emprego industrial caiu 0,4% frente a igual mês do ano anterior, principalmente em São Paulo (-3,3%) e nas indústrias de maior valor agregado: produtos de metal (-8,2%), borracha e plástico (-8,2%), vestuário (-7,9%), calçados e couro (-16,2%), metalurgia básica (-9,4%), papel e gráfica (-4,6%), produtos químicos (-4,4%) e de máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-3,7%).

A avaliação em perspectiva da evolução do emprego industrial mostra a sua acelerada redução a partir do terceiro trimestre de 2010, quando registrou aumento de 5,1%, caindo, no ano passado, em 0,2% em janeiro-março, 0,0% em abril-junho, 0,1% em julho-setembro e 0,6% no quarto trimestre de 2011.

Os altos índices de desemprego no Brasil refletem o impacto da crise capitalista mundial e deverão piorar acentuadamente devido à crescente submissão governo do PT aos interesses dos especuladores financeiros imperialistas. O desenvolvimento da luta dos trabalhadores contra os ataques da burguesia deixa clara a necessidade de impulsionar as tendências combativas e revolucionárias presentes no interior da classe operária contra o regime capitalista falido.

 

Fonte: https://www.pco.org.br/conoticias/ler_materia.php?mat=35141